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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Bola de Sabão

12.11.20 | Sandra

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Sobe a bola de sabão ao alto, rendida, submissa aos caprichos de um vento ardiloso. Carrega nela o sopro que da tua boca saiu, juntamente com a transparência de palavras tuas tão leves quanto ela.

Sobe ao alto ainda mais, a bola de sabão, gira e rodopia mostrando nos seus reflexos coloridos o riso solto das crianças, os olhos brilhantes do gato que tenta dar-lhe inocentes patadas, ou o ladrar do cão que, divertido, salta para tentar mordê-la.

Numa pausa do vento a bola de sabão desce, parece querer ficar perto, no meio da brincadeira e da algazarra. Mas num impulso apressado logo vai ao alto de novo, desta vez sem nunca parar, levando com ela a altivez da tua poesia e a indefinição da minha prosa.

Exaltada, nos limites da sua fragilidade, rebenta por fim, explode num "Sim!" de mim a ti. Não é amor, mas seja o que for é algo bom, com a duração de todos os anos que passaram desde que te conheci. E já outras bolas de sabão voam pelos céus fora, deixando cá em baixo, cada vez mais longe, as crianças, os gatos, os cães, e os caprichos da raça humana.