Recados Que Te Deixo #1
Nessa tarde, por breves instantes, consegui ter um vislumbre do teu mundo escondido da luz do dia e dos olhares dos outros. É nele que te encontras sozinho perante a melancolia das tuas recordações, o ribombar das emoções, a ousadia dos sonhos, e a liberdade da imaginação. Um lugar de pertença e reencontro, um espaço só teu, como o teu mar do Guincho.
Não há problema em teres esse teu mundo secreto, todos temos um lugar assim! É isso que salva a nossa lucidez, e atenua o cansaço ao fim do dia. Ou nos impele a ter novos sonhos, e a ousar realiza-los.
E se pensares que já não tens idade para grandes sonhos, lembra-te: o sonho pertence a quem o cria, logo, tem nele a dimensão e a idade que lhe quisermos dar! Por isso, se for tua vontade, nenhum sonho que tenhas será pequeno, ou estará longe demais do concretizável.
Confessaste temer que esse mundo de sonhos e imaginação se estivesse a fechar para ti. Mas crê: se lá estiveste antes, saberás encontrar o caminho para lá regressares não uma, mas as vezes que quiseres! E então poderás dissecar ideias e sentimentos, fazer as perguntas que devem ser feitas, ter acesso às respostas que devem ser encontradas. Ou, se te for mais fácil, simplesmente deixar ir...
Só tu sabes em que tom o teu coração bate, pois cada um é como é, com as suas forças e limites, audácias ou ambiguidades. Mas a partir do momento em que esbarras na certeza de que estás a fazer o melhor que te é possível, na medida das tuas forças e circunstâncias, passas a ter um direito maior a esse mundo secreto que visitas quando a tua alma fica inquieta, ou o teu coração se agita. Não faz mal ser-se pequenino de vez em quando!
Começaste a rir, aliviado. Demos então pelo frio que nos picava a cara e as mãos, e fomos beber o tal chocolate quente combinado entre nós há tanto tempo...