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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sinónimo e Adjetivo

22.01.23 | Sandra

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Crepúsculo. Antes que a noite se faça gigante sobre campos, ruas e telhados, releio os poemas que me escreveste e que ainda hoje desarmam em mim forças poderosas. É esta a melhor hora para tal, para a tua poesia.

Tu compreendes todos os significados de um crepúsculo como o de hoje, pois afinal também te toca a ti. Aliás, tu compreendes cada significado de cada palavra minha, mesmo aquelas ditas em forma de silêncio entre as nossas conversas intermináveis.

Gosto de conversar contigo: tens em ti o mistério e o absoluto; o divino, o oculto e o esotérico. O equilíbrio e a certeza. A magia e o assunto. É normal, és alma notívaga, marginal, boémia, vagabunda. Viajante, profeta e amante.

(Sinónimos e adjetivos. Montes deles, todos aqui para ti!)

E és também, sem sombra de dúvida, este crepúsculo peregrino, esta bela noite, a noite que tanto adoras, a noite que está para chegar, esta noite entre tantas outras. 

Hoje eu lembro-me de ti porque falamos muitas vezes sobre isto e sobre tanto, tanto mais. Olhos castanho-terra, cheios de mundo, os teus...

Hoje eu lembro-me de ti porque excertos dessas nossas conversas surgiram hoje assim, do nada, pela calada, entre o crepúsculo e a noite, sob a forma de nostalgia e paz.

P.S.: Ainda escreves, não escreves? Acredito que sim.

 

Acontecimento

04.01.23 | Sandra

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Chama-me Silêncio.

Chama-me Pedra Nua

E desenha em mim carateres antigos,

De exóticos significados por decifrar.

Bombaim, Capadócia, Singapura.

Percorre com as tuas mãos lentas os mapas do meu corpo 

E deita-me na tua noite que se deita em mim também.

Fecha os olhos e deixa as estrelas brilharem,

Quando suspiros são a brisa cálida da noite, 

E a lua cheia se mistura toda na nossa nudez,

Sob letras meio apagadas e sons que mal se ouvem.

No final do derradeiro prazer resgata o meu nome ao teu,

Soletra a vida noturna que nos rodeia

(e viu tudo acontecer!), 

E deixa-te ficar mais um pouco

Até a respiração abrandar em notas musicais,

Até seres poesia em prosa minha,

Luxúria de verão e madrugadas.

O resto, acontece.