Faço-me vento e parto em busca vã de ti. Sopro nos caminhos que percorres, todos eles feitos papel em branco, onde as palavras que escreves são pedaços escorridos da tua noite e estilhaçam tudo por onde passam. Há esquinas que sabem de ti, conhecem-te o peso dos (...)
Hoje o tempo é meu. Nada fazer além do necessário. Dar colo às horas, afagar os minutos e soprar um beijo sobre os segundos. Hoje o tempo é meu aliado. Um banho, onde me demoro entre densos vapores e suaves odores que lembram os intermináveis dias de estio, livres e (...)
Vem comigo. Deixa-te ficar apenas nas horas sem tempo que pairam na preguiça da tarde imóvel. Um sol quente faz-nos companhia, senta-se connosco, também. Se o calor for demais, temos leve, a sombra. Sentamos-se onde? Escolhe tu, que a tarde é soalheiro agrado. Na (...)
Ao fim do dia, quando tudo é escuro e mistério, sonhos parecem sentar-se em frente ao crepitar de uma fogueira. Nas fagulhas que estalam desordenadas no ar, os sonhos veem todas as estrelas do firmamento, todos os ventos que varrem a Terra, todas as grandes montanhas (...)
Guardas em ti toda uma subtileza muito própria. Qual pena voando leve ao sabor do vento quente e risonho, a tua alma voa solta por entre espaços que só tu alcanças! Houve tempos em que tanto te parecia inalcançável, como cais distantes onde nenhuma embarcação (...)
No sol adocicado da tarde transparente, enquanto as horas se fazem gentis, plenas e agrestes, balouço-me sem pensar no sentido do tempo ou do espaço. Balouço-me, e no meu embalo balançam-se também sorrisos, abraços, promessas, palavras silvestres como cartas ao vento. S (...)
Vem sentar-te comigo ao sol. Vamos deixar o calor evaporar dos nossos corpos as horas passadas e as ideias esquecidas nalguma curva apertada. Senta-te comigo e soltemos as perguntas sobre a areia quente onde o sal experimentou o horizonte distante, que ainda hoje fala de (...)
Chamaste-me na noite sóbria quando a brisa calava mundos dentro de nós. O Universo aproximou-se silencioso, deitou-se luminoso em nosso redor, cedendo-nos clarões de imensas estrelas que seriam nossas. No nada, gerou-se tudo, quando sentados no espaço sem caos (...)
Podia ser a queda de uma estrela, essa que és tu, afinal. Mas não é assim que te assumo. Continuas a brilhar alto, uma imensa estrela no meio de tantas outras, talvez a mais colorida que dorme enroscada ao firmamento de veludo. Sei que deixaste expetativas soltas no (...)
Estremece a flor sob o peso da madrugada que, como amante, se deita no seu corpo nu e frágil. São gélidas as carícias que a geada deixa nas suas cores desbotadas, e há muito que o seu perfume se misturou com névoas arrepiadas que vêm de longe e tudo alcançam. A (...)