O café acabado de fazer espalha o seu aroma forte no ar. Lá fora sopra um vento gelado que verga copas das árvores e arrasta folhas pelas pedras da calçada. Aconchego-me no casaco de malha que vesti após um banho quente e demorado, que encheu o espaço de um vapor (...)
Patrulha as ruas e os rios, esta minha vontade de ti. E não te vejo. Vê-te a chuva que cai dócil e embriaga instintos que vêm de muito longe. Vê-te o vento quente que traz com ele o calor amante do deserto e te desfaz em desejos que te quebram por dentro. Vê-te a (...)
Há palavras poderosas. Chegam devagar, tímidas, discretas. Cautelosas. Resguardam-se no espaço vazio do papel e aos poucos despem-se, deixam sílabas à solta, letras em festa, ideias que se espalham pelo ar em delicados círculos. Há palavras feitas de todos os mundos (...)
São coloridos os acordares nestas manhãs feitas de sorrisos, que rindo, caem do sol. Na extensão dos secos prados ondulam já as ervas do campo. Em praias distantes, de vastos areais e eruditas rochas, gaivotas compõem murmúrios que o mar há-de gritar em longas marés. (...)
É isto que fica. O deserto, o espaço vazio que se mostra igual em todas e em qualquer direção. É isto que vejo agora, mesmo que hajam prédios, ruas, gentes, cães. Mesmo que ouça o vento a cruzar as folhas, as ervas, as flores. Mesmo que pise as sombras das (...)
Não te esqueças de me lembrar. Não te esqueças de te lembrar que o mesmo céu nos abraça, que o teu sol entrega-se em mim, e que na noite partilhamos estrelas. O mundo avança e nele avançamos juntos. Neste momento, civilizações crescem. Filhos dão os primeiros (...)
Quase que não sei como te descrever. Por mais que tente, ficarei sempre aquém de tudo o que de bom, mágico e belo és! Quem conseguir vislumbrar a beleza das enormes constelações na primeira hora do mundo, quando seres alados brilhavam nos céus, terá, ainda assim, (...)