O regresso... Férias. Perto, cercando ao alto a aldeia, montes imensos, cobertos de pinheiros, eucaliptos e calor impiedoso. Casas bem pintadas, adornadas nas suas cores, a brilhar vaidosas no branco brilhante do verão. Ruas empedradas, cheias de arbustos, flores e (...)
É este o tempo. O sol não se acanha e o vento já não tem mais flores para derrubar. Vamos por aí, os dois. Levarei cerejas. No vermelho que nelas se exalta e que levas à tua boca, prova em mim toda a sua vincada simbologia, toda ela feita quem eu sou. Deixemos vazar (...)
É cedo. O mundo dorme ainda. Passeio no silêncio do jardim sonolento, nas horas novas da madrugada. Na água escura e parada do lago, reflete-se a primeira claridade dourada do dia, que sobe devagar, imponente. É uma claridade baça, opalina, numa humidade que faz (...)
Patrulha as ruas e os rios, esta minha vontade de ti. E não te vejo. Vê-te a chuva que cai dócil e embriaga instintos que vêm de muito longe. Vê-te o vento quente que traz com ele o calor amante do deserto e te desfaz em desejos que te quebram por dentro. Vê-te a (...)
Parto na manhã ainda pequena, quando o ar arrepia-se de frio e o orvalho mal começa a derreter-se nas ervas adormecidas. Na hora jovem os telhados húmidos ainda estão despidos de pássaros, e nas estradas vazias só os primeiros raios de sol tocam o gélido alcatrão, (...)
Vamos sem pressa, que o dia é paciente. Vamos trilhar caminhos secretos da luz que quebra as sombras e os silêncios. Por entre o tempo esquecido caminhemos, soltos ao deslumbre selvagem da natureza ao nosso redor. Deixemos que folhagens e musgos decorem os nossos passos, (...)
Manhã que chega à minha praceta, segura de si, sem vento nem frio. Sobe o sol imenso acima da linha dos telhados e ocupa todo o campo que se espalha para além do jardim bem cuidado. Recomeça a vida no tiquetaque regular dos ponteiros do relógio, cúmplice da manhã (...)
Telhados que se deitam ao sol, abertos ao dia imenso que se estende junto ao rio. Pulsa neles o calor da nova estação, juntamente com o riso do vento que rodopia entre as telhas e os ninhos de andorinha disfarçados sob os beirais. Águas-furtadas deixam voar conversas (...)
O avançar silencioso da manhã espalha palavras transparentes por aqui e por ali, no jardim ainda rendido à preguiça da noite passada. Uma flor chama-me a atenção, a mais bela entre todas. Rende-se ela à luz envolvente que lhe sacia cada uma das suas ávidas pétalas. Re (...)
Oferece-me uma flor Qualquer cor, Tanto faz! Que a flor sempre é capaz De me mimar por mais um dia. Oferece-me uma flor Comprada numa loja, Ou apanhada num jardim, Escolhe-a tu, para mim! Grande ou pequena, Toda a flor armazena Mistério, melancolia... Oferece-me uma flor (...)