Repousa em mim, luz que o sol liberta ao dia. Recebo-te em júbilo, a ti, luz que desce sempre feita mistério, manhã após manhã. Pousa suavemente nesta minha pele que, sem entraves, te espera desde o clarear dos céus. Aquece-me suavemente como beijos que se dão e (...)
Chamaste-me na noite sóbria quando a brisa calava mundos dentro de nós. O Universo aproximou-se silencioso, deitou-se luminoso em nosso redor, cedendo-nos clarões de imensas estrelas que seriam nossas. No nada, gerou-se tudo, quando sentados no espaço sem caos (...)
Em cruas noites, naquele antigo clube de boémias gentes e velhos hábitos, o tempo faz-se sempre novo e eu sou cada vez mais eu, alma pura a descoberto! Em mesas cheias, pousam os fumos, cheiros, gargalhadas, olhares indiscretos! À fraca luz, és o som que pousa na minha (...)
Podia ser a queda de uma estrela, essa que és tu, afinal. Mas não é assim que te assumo. Continuas a brilhar alto, uma imensa estrela no meio de tantas outras, talvez a mais colorida, que dorme enroscada ao firmamento de veludo. Sei que deixaste expetativas soltas no (...)
Há momentos capazes de mudar toda uma existência. Quando esses momentos acontecem, passado, presente e futuro fundem-se num tempo só. Porque esses momentos são raros pela magia e intensidade que libertam. São momentos de reencontro. Trazem consigo o cheiro da terra (...)
Aos vastos campos a perder de vista, quando neles a erva ondula no dourado da tarde e, no céu alto, enquanto árvores dormem na preguiça da tarde, aves peregrinas voam: Nunca cedes, erva do campo! Nada te derruba, como se fosses pedra em muralhas de lendários castelos! (...)
Há dias assim, em que a madrugada queda-se num silêncio sem forma e a infinidade de tudo parece nada abarcar. São horas paradas, leves e mal definidas, as da madrugada. Sonhos, dos que ainda no seu leito descansam, misturam-se às neblinas frias e silenciosas que sobem (...)
Manhã de chuva mansa, ininterrupta. Tudo parece abarcar, puxar a si num único abraço ávido, enquanto cai vertical, humilde, frágil e sentida. A paisagem à minha volta parece submissa, rendida já sem força, a essa chuva que veio silenciosa de tantos e secretos (...)
Quebram-se em raios de luz todas as sombras. Lâminas afiadas feitas de sol descem ao solo onde a tua alma ainda descansa, embrulhada em mantos de folhas soltas. Tens o cheiro da terra fecunda, fresca, húmida e macia. Repousas a cabeça nos dentes-de-leão e trevos que (...)
Há palavras poderosas. Chegam devagar, tímidas, discretas. Cautelosas. Resguardam-se no espaço vazio do papel e aos poucos despem-se, deixam sílabas à solta, letras em festa, ideias que se espalham pelo ar em delicados perfumes vaporosos. Há palavras assim, feitas mundos. (...)