E foi Primavera outra vez, Com as sombras das nuvens a passarem ligeiras por campinas cheias de verde, E o negro das asas das andorinhas a rasar o branco dos campanários da aldeia. Resquícios do inverno ainda se faziam sentir na dormência da madrugada orvalhada, E (...)
Cabe na Poesia o sonho, Os caminhos e as estrelas, Os silêncios dos abraços, As crianças e esperanças, Todas as pedras das pontes, As gentes, os horizontes As lutas da Humanidade, E as vitórias do dia. Cabem na Poesia Os provérbios antigos, As grandes invenções, Le (...)
... As estranhas nuvens soltaram a chuva que caiu noite e dia sem parar. Os primeiros rios da Terra encheram-se de vida. Campos tornaram-se férteis e cobriram-se de cereais. As árvores cederam o descanso dos seus ramos aos bandos de aves migratórias cansadas de voar. (...)
O Universo é o universo: sóbrio, concreto, conciso. Pura matemática, física e química. Não dá para grandes margens. É aquilo e mais nada. O Homem esse sim, movido pelo instinto de sobrevivência e pela curiosidade, procurando alcançar certezas sobre o espaço (...)
Tenho em mim a certeza da tua noite. O céu apresenta um tom que se divide entre o azul e o lilás, e parece estranhamente brilhante, todo ele por igual. Ah!, se aqui estivesses! Quantos poemas poderiam ser recitados numa noite assim, que parece colocar tão perto tudo o (...)
Há mistérios que chegam na hora certa. Trazem com eles o espanto das coisas belas e as certezas que só raramente são alcançadas. Às vezes, uma única vez em toda a vida. São aqueles que ainda hoje percorrem com a sua própria calma toda a vastidão do universo que (...)
Não importa o tom de voz que o outono impõe ao cruzar dos dias: o caminho é sempre novo, ainda que conheça de cor as nossas pegadas, os nossos risos e silêncios. Dia após dia, novas cores amontoaram-se pelas últimas folhagens que agora nos veem passar, e perfumes (...)
Agora anoitece depressa. Num instante os dias ainda quentes perdem-se no crepúsculo e dão lugar à noite imensa. Fico uns minutos à janela a observar a praceta, enquanto me delicio com o aconchego de um casaco de malha e um café quente, acabado de fazer. Hoje não se (...)
Noite. Lua quase cheia num céu estranhamente claro. O luar pálido entra em sussurros pela janela e deixa-se cair como uma melopeia sobre a minha cama, fazendo sobressair o branco dos lençóis. Leio-te com uma calma invulgar. Sem pressa. As palavras parecem evaporar-se (...)
Tempo de repouso. Celebração. Para já, arrumo incertezas e orações, tudo fica para além da janela aberta à placidez da praceta e da cadência da música que toca baixinho atrás de mim. Desce no meu íntimo a serenidade da hora, enquanto o fumo do café acabado de (...)