Leva-me devagar a ti. A música começa agora, aproxima-me ao que és. Mão com mão, corpo com corpo, num silêncio solene, leve. A dança. Notas pautadas que nos movem quando já estamos subtraídos de pensamentos. Só sentimos. O nosso exterior evapora-se. Nem uma (...)
A tarde vai avançada, tempo de abrandar. Sento-me nas horas do descanso que embalam a imaginação desperta em mim. Chove. A chuva também me molha pensamentos, abstrações, sentimentos e rascunhos. Brotam desejos da alma, e asas voam de sonhos meus como pautas ao vento. (...)
Flor, De que madrugadas nasceste tu, Para em rasgadas manhãs sem cor Cuidares do embalo das aves que no alto voam? No sol que quebra as frescuras do orvalho, Danças nas pétalas que giram em palavras tuas, Com sabor a perdidos prados E caminhos de fim de dia. Sendo tu flor, Entr (...)
Em fugitiva tarde no discreto frio da estação, chamas crepitantes tingem com reflexos dourados o gentil calor que nos abraça. No rosto meu a tua mão, entregue sem tempo, como fagulhas clandestinas que dançam soltas no ar. Palavras caladas, intuídas, fluem leves nos (...)
A tarde vai a meio. Os raios de sol entram pelas cortinas leves e ondulantes para pousarem no verde das plantas junto à mesa. É neste altura do dia que a sala ganha uma claridade muito peculiar e que provoca um sedutor jogo de luz-sombra. Toda a divisão envolve-se num (...)
Hoje mimo-me. Nada conta, tudo vale. Desprendo de mim o dia que lá vai, da mesma forma que desprendo de mim as roupas que me envolvem o corpo. Acendo uma vela e relaxo num demorado banho de imersão após o qual, aconchegada na toalha de banho, delicio-me com um chá ao (...)
Pois um dia chamaste-me e eu ouvi-te, uma voz feita do murmúrio leve da brisa esquecida na noite, quando ecoa o piar da coruja no alto das árvores antigas. Ouvi o teu apelo, senti-o no arrepio da pele nua, ansiosa. Desde aí, quando me chamas, eu escuto e vou ao teu encontro. Acolhe (...)