Vem sentar-te comigo ao sol. Vamos deixar o calor evaporar dos nossos corpos as horas passadas e as ideias esquecidas nalguma curva apertada. Senta-te comigo e soltemos as perguntas sobre a areia quente onde o sal experimentou o horizonte distante, que ainda hoje fala de (...)
Ao areal de todas as praias do mundo. És feito de infinitude, incontáveis grãos de areia que trazem consigo algo do espaço primordial, onde as primeiras estrelas se formaram e cedo explodiram. Compreendeste muito antes de nós os segredos das nebulosas, a formação da (...)
Podia ser a queda de uma estrela, essa que és tu, afinal. Mas não é assim que te assumo. Continuas a brilhar alto, uma imensa estrela no meio de tantas outras, talvez a mais colorida que dorme enroscada ao firmamento de veludo. Sei que deixaste expetativas soltas no (...)
É cedo ainda. Passeio pela praia. A maré cheia da noite passada deixou o areal molhado até ao paredão. Por todo o lado, pegadas de gaivotas e ramos partidos. Mais à frente, dois cães perseguem aos saltos um pombo solitário, que parece divertir-se com a situação, (...)
Há dias assim, em que a madrugada queda-se num silêncio sem forma, e a infinidade de tudo parece nada abarcar. São horas paradas, leves e mal definidas, as da madrugada. Sonhos dos que ainda no seu leito descansam, misturam-se às neblinas frias e silenciosas que sobem (...)
São coloridos os acordares nestas manhãs feitas de sorrisos, que rindo, caem do sol. Na extensão dos secos prados ondulam já as ervas do campo. Em praias distantes, de vastos areais e eruditas rochas, gaivotas compõem murmúrios que o mar há-de gritar em longas marés. (...)
É um momento que me coloca no meu devido lugar, quando o sol prepara-se para desaparecer para lá da linha do horizonte. É na praia que mais gosto de apreciar esta altura do dia. É a conexão perfeita: os vários dourados da luz do sol, o céu com as cores (...)
O céu está frio. Tons pálidos, desfeitos, destoados. Não há vento mas um ar gélido e húmido cola-se ao meu rosto. O areal cerca-me liso, vazio, quase sem essência. À minha frente, todo um imenso e desolado mar. Sentada na areia, é a ele que me entrego, é nele (...)
Quero palavras tuas. Que sejam elas o rugir dos teus sentidos, despojos de guerras antigas travadas por ti em velhos mundos; ou tempestuosas ondas que na borda do papel morrem, quando decifras o amor. Gosto assim... Quero palavras tuas! Apanho-as, ávida de letras! (...)
Em fugitiva tarde no discreto frio da estação, chamas crepitantes tingem com reflexos dourados o gentil calor que nos abraça. No rosto meu a tua mão, entregue sem tempo, como fagulhas clandestinas que dançam soltas no ar. Palavras caladas, intuídas, fluem leves nos (...)