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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Chuva

02.09.20 | Sandra

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Verão. Muito calor. Ar estagnado, pesado. Paira um silêncio estranho na rua deserta, nos campos secos, entre os pinheiros enfezados nos montes escuros que rodeiam a aldeia.

Sentei-me no banco de azulejos coloridos enquanto me preparava para saborear um chá. Abruptamente, o céu começou a escurecer. Nuvens pesadas, cinzentas, encheram todo o firmamento, que parecia agora mais baixo, tão perto que parecia ser possível tocá-lo. Nem uma única folha abanava, como se todo o meio envolvente estivesse num impasse à espera de algo tremendo. Enquanto ia bebendo o meu chá, no meio daquele calor opressivo que me deixou em alerta, lembrei-me de ti. Porque duvidas de tanto?

Um vento agreste começou a soprar, fazendo janelas e portas baterem com estrondos secos. O céu cor de chumbo parecia agora carregado de eletricidade, num brilho peculiar, perigoso. Sem aviso, um relâmpago explodiu o céu em mil pedaços, enquanto o forte ribombar de um trovão ecoou por todo o lado ao mesmo tempo. Caiu o raio, uma faísca única, barulhenta, ligando céu e terra numa fração de segundos. As nuvens rasgaram-se enfim, aliviadas por se libertarem do seu peso. Fechei os olhos, abri os braços, e a chuva foi música em mim. Encharcada pelo aguaceiro que caiu com toda a sua intensidade, roupa colada ao corpo, descobri finalmente o que despertaras em mim: amor.

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