A Cidade Não Leva a Mal
Hoje não há brumas,
Nem limbos ou etéreos!
Vem então, que eu estou perto!
Passeia comigo,
Caminha a meu lado
Por ruas pintadas de sol,
Caminhos estreitos
Cheios de cor e janelas abertas,
E dos odores de flores,
Ervas aromáticas,
De roupa lavada,
E comida ao fogão...
Vem!
A cidade é tua, mostra-ma:
Conduz-me por vielas de fado,
Bairros famosos,
Jardins vaidosos (o teu?),
Becos e pracetas,
Onde gatos se espreguiçam
Sob as mesas de ferro
Das esplanadas alegres.
Mostra-me por onde andas,
Que varandas e beirais
Te veem passar,
Em que colinas te perdes
Ou te encontras de novo,
Quando és feito de soneto!
Vem,
E até que a noite chegue,
Leva-me contigo
Onde houver histórias,
Caprichos, encantos, lendas.
E depois dá-me a mão...
Ou um beijo!
É outono, a cidade não leva a mal!