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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

A Dança Ainda Não Acabou

29.08.22 | Sandra

 

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O mundo pode esperar, eu não. Respira fundo. Devagar. Inspira, expira. Agora abre a porta e deixa-me entrar.

Silêncio! Não digas nada, nada perguntes. Que a tua mão se estenda à minha e me conduza até à tua sala fechada ao rebuliço das horas e das ruas apinhadas de gente. Que na meia-luz que nos envolve, o tempo se rasgue ao meio e os minutos deixem de contar. Que não importe sequer se é manhã, tarde ou noite. Que não importe nada, sequer.

Não fales, ainda não. Deixa a música tocar. Com um gesto decidido, chega o meu corpo ao teu e faz-me dançar junto a ti, num calor que ecoa de um ao outro.
E nessa cadência feita jogo de luz-sombra, que nada mais conte senão tudo o que o momento despertar em nós e que não ousamos pronunciar.

Dancemos até que um beijo oculte as nossas interrogações, seja mordaça de antigos receios, e arranque como prosa poética as palavras que diremos, finalmente.
E assim que os Deuses se deitarem como pálidos fantasmas nas constelações imensas (que lembram barcos abandonados), com carícias vagarosas desenha na minha pele o teu nome feito mapa astral. Então, seremos também deuses.

Quem sabe? Talvez as tuas brumas se desfaçam por completo por entre os meus dedos que se aconchegam nos teus, e deixem a música continuar a tocar baixinho no velho rádio. O mundo? Ah, esse pode continuar à espera, a dança ainda não acabou...

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