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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Aceito-te

10.02.22 | Sandra

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O nevoeiro murmura palavras que me levam a ti, palavras com uma sonoridade ímpar que ressoa de tal forma pelos cantos do mundo que jamais deixará de ser ouvida.

Conheço-te bem, desde tempos já há muito esquecidos porque há muito que deixaram de ser contados pelo Homem no calendário, ou no girar lento das constelações. Mas conheço-te, e chegas de novo hoje nesta maré feita de cerradas névoas, que vão e vêm como ondas cheias de velhas histórias, e que despertam os imensos verdes dos campos, os dourados das folhas, o amarelo das derradeiras flores e dos novos frutos.

Em vão tinha procurado por ti desde a madrugada adormecida. Em vão... Alcanças-me tu agora nesta neblina que chega calada, com uma força igual à da gravidade e que me puxa a um teu querer, mais antigo que tudo. Deixo finalmente para trás todos os enganos (tantos!) e aceito-te, a ti.

Passo a ser parte integrante da enorme paz que me transmites, da serenidade da manhã ainda tão nova e inocente, do poder que a natureza exerce sobre quem a compreende, de todas as imensas forças que fazem o mundo girar na sua órbita e ter algo belo, apesar de tudo. Aceito-te. É quando sílabas à solta renascem, junto com algo chamado Fé...

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