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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Altivo

12.01.21 | Sandra

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E ali estavas tu, olhando-me de frente, fim de tarde, altivo, resplandecente, presente. Vislumbrei-te ao longe, e aproximei-me para te ver melhor. Sondei-te nas silhuetas escuras do dia que estava prestes a adormecer, e recebi-te no contraste dos ecos de palavras adormecidas também. E fiquei.

Demorei-me no teu mistério, semblante de cores flutuantes que desciam em camadas lascivas no crepúsculo pendente. Um enquadramento perfeito de memórias vindas do tempo em que os homens planeavam caçadas e contavam estrelas. E fui eu quem perdeu a noção do tempo que passava. Conheci-te o silêncio, enfim, pleno, cheio de matéria e sentido. Nesse teu silêncio, ouvi-te. Soube, sem o dizeres, que vinhas de longe, de outras noites, outros dias, outros lugares. Talvez me tenhas encontrado por lá, pois enquanto te acolho a intensidade, o mistério e a beleza, sei que te vi mil vezes noutros passados, sempre com o mesmo deslumbre e as mesmas interrogações.

Hoje vais, mas amanhã, em todos os outros amanhãs, voltarás humilde e altivo. Essa é a roda da vida, o cíclico, o eterno e imutável. E em cada "amanhã" continuarás a surpreender-me, a apanhar-me no teu segredo insondável e a espantar-me com a tua beleza final. E eu fico, ficarei sempre.

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