Ao Ler-te
É uma fuga de nós mesmos, mas que acaba por nos conduzir a quem somos: não apenas gente entre gentes, mas algo mais concreto, que oscila entre o animal, o humano e o divino. É isso que sinto ao ler-te: a fuga, o mistério, a sensação de descoberta, o reconhecimento de algo maior.
Leio-te sob o silêncio da noite que gira em torno de uma lua extremamente poderosa - porque é ela livre dos desejos e dos caprichos humanos. Nesse silêncio leio-te, sempre e mais um pouco, até eu mesma ser a textura das tuas palavras, até fazer parte do calor das entrelinhas que deixas, e que deslizam vagarosamente pela minha pele, pontos cardeais teus arrepiando a alma e provocando os meus sentidos.
Leio-te e permaneço sempre menina-mulher, aquela que à noite despe de forma apressada roupas e segundos passados, para se vestir com a urgência das letras do teu nome. E a lua tudo vê...