ENIGMA CALADO
E finalmente,
de novo tu, manhã!
Cálida, silenciosa,
imensa,
toda tu, inteira...
beija-me, fresca,
minha amante luz!
Do outro lado da noite
o enigma calado,
a incerteza que é o sono,
um nada que tudo abate,
mas agora tu, manhã plena!
Afaga-me em doces nuvens,
secretos meus, em ti.
E até o orvalho ousa
pulsar no supremo aroma
de abraços vincados
que ao vento flutuam...
E o sorriso entrega-se, descuidado e sem pudores, todo ele, ao Sol, no meu corpo que se oferece...
Guardo no desejo
pontos de interrogação
que nascem de abismos,
e dispo a alma minha
solto-a nua, a ti que chegas,
que tu vesti-la-ás
de saudade feita amor
que me preenche
desde o início dos inícios.