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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Basta-me

02.02.21 | Sandra

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Aguardo-te em cada neblina que sobe, onde pinheiros e eucaliptos sopram murmúrios de musgo. Chegaste de longe, quando o Tempo era um só, e os dias sempre se uniam às noites na mudança das estações.

Nesses tempos distantes, músicas ecoavam no firmamento e segredos dormiam nas nuvens da madrugada. No silêncio imenso, guerreiros e fadas coexistiam em horas que perduravam. Tu eras então como uma espécie de viajante. Conhecias todos os lugares, os mais óbvios e os mais escondidos da visão comum do Homem. Infelizmente todos eles se dissiparam, rasgados pelas novas civilizações que se construíram. Universos paralelos, novas Eras. Guerras foram travadas e impérios erguidos. Florestas esconderam tribos, e os mares abriram caminho a grandes embarcações e novas conquistas. O mundo avançou, recuou e tornou a avançar.

E tu, tudo viste, de longe, solitário mas não sozinho. Chegaste, então, ao hoje, igual a ti mesmo: forte, resistente, guerreiro, vencedor. Alma viajante, marginal, boémia. Chegaste a mim, também, nalgum dia de neblina, talvez. Mas chegaste, e eu, sem o saber, já te esperava há muito, pois já te conhecia de tão longe. Ainda não és meu, mas sou eu tua, e isso basta-me.

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