Capricho
No acordar vagaroso do dia, quando as horas ensonadas permanecem ainda deitadas na friagem da manhã virgem, vejo-te chegar, olhar pleno, astuto, cabelo sem rumo a lembrar o mar impulsivo em dias de temporal.
Abraças-me num momento cheio de cores e arabescos, onde divaga sempre o teu perfume indefinido cheio de um desfazer de encruzilhadas.
No cedo do dia (é tão cedo ainda!) retribuo o abraço num silêncio que pede que me abraces mais, mais ainda, mais um pouco...
Se temos tempo, porque não? Usemos então a imparcialidade das horas que se erguem como pirâmides neste dia que quero meu!
Abraça-me então, agora, já, mais logo, e depois! Abraça-me sempre! Se é capricho, que seja! É só mais um, entre tantos...