Cavalo
Corre solto, com estrondo,
Num ribombar pesado de trovão
Que esmaga trilhos vazios da pegada humana.
Na poeira que se eleva ao vento seco, desbrava planícies,
Espírito selvagem, apressado,
Desenfreado,
Em espaços indomáveis como a herança que carrega.
Quando acelera contra o vento,
Pensamentos agrestes saltam no ar!
São fagulhas que mordem,
Rajadas cruas de pegadas
Que quebram a dureza do chão!
Cansado abranda, arfando,
Num caminho esguio de terra solta, vadia,
Não há selas nem arreios na sua vontade!
Assenta agora a poeira nas horas quentes do chão,
E pasta ele, o cavalo, pensativo,
Pressentindo nascer de novo esse forte impulso:
O de correr na vastidão dos grandes espaços,
Que parecem ser, todos eles,
Caídos de um céu aberto
Com o propósito único, maior,
De receber o seu galope duro.