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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

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Cisnes

26.02.21 | Sandra

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Indiferentes ao dia ensonado que os espreita, deslizam os cisnes pela água tépida e escurecida do lago.
Provocam alterações na superfície da água, enquanto silenciosamente distorcem os ponteiros das horas apressadas. De forma altiva, debicam as palavras de todos os tempos, onde boiam folhas e ramos finos, e as tartarugas tontas olham o céu.

No brilho do calor parado da tarde, enquanto cigarras desfilam a sua exuberância, os cisnes ignoram as árvores, as nuvens, o arrulhar dos pombos. Passa um gato. Cobiça-lhes as penas aprumadas, brancas, lisas, a carne tenra que se esconde por baixo. Mas logo desiste e prossegue pelos seus vagares. São cisnes. Pertencem às lendas e aos mitos, a simbologias, a desfiles em passadeiras vermelhas e a luares convictos.

E deslizam sempre, na sua noção do irreal e do místico. Um dia cantarão, e o lago contará histórias sobre eles.

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