Reais, Como Tu!
Sinto-te novamente parte dessas brumas que parecem ter-te acompanhado de muito longe, até ao aqui e ao agora, para depois, quando finalmente te tinha reconhecido, levarem-te de novo para longe, com elas.
Em tempos chegaste altivo, Vagabundo assumido como o último dos últimos. Falaste-me em mundos que eu não conhecia, onde tu foste como haragano místico, e narraste-me vidas tuas, pertenças de tempos passados, lutas, reviravoltas. Vitórias. Escreveste palavras que, para mim, eram feitas de novos e ocultos significados. Aprendi a conhecê-las, e achei-te belo.
Desde então vejo-te passar ao longe, levado pelo rumo de uma órbita que te carrega no seu percurso pré-estabelecido desde tempos místicos, e que nunca te deixa chegar perto de mim. Ainda assim, de longe, sem o saberes, abraço-te sempre, quando os dias se enchem de brumas que me rodeiam e cativam. Associo-as à tua chegada aos meus dias.
Gosto tanto de ti, bandido bom...
Mas jamais ousarei interferir na ordem natural das coisas, que se deve manter sóbria, serena, equilibrada - porque há coisas que são como são, e não devem ser remexidas, por serem tão reais.
Reais, como as borboletas que ainda voam sob a minha janela, desde aquele verão em que te falei sobre as sílabas da palavra Amor.
Ou reais como as andorinhas que parecem caças F-18, nos seus voos aerodinâmicos que anunciam primaveras e remetem à infância. Reais, como as nossas vidas reais. Reais, como tu, que mesmo sem o saberes, continuas parte do meu presente.