Deixa-te Ficar
Deixa-te ficar neste embalo cadenciado da chuva que cai. Deixa-te estar amor ao meu lado, enquanto gotas brilhantes sorriem ao cair tontas de alegria de um apaixonado céu. Posso aconchegar-me a ti, no calor selvagem que do teu corpo se liberta?
Escuta! Ainda cantam, alegres, os melros e as rolas! Fazem coro com o som das gotas transparentes que embatem em sonhos espalhados por aí. O mundo está lavado, fresco, brilhante, desperto. Há toda uma sonoridade diferente: pequenos riachos que se formam, pingos que tombam, frágeis e belos, de goteiras e telhados escorridos, o barulho dos pardais que se banham nas poças de água fresca. E tu, que me despertas palavras feitas dessa água que molha o universo, conta-me histórias! Fala-me de ti, agora que a chuva é doce e ama o seu redor! Canta para mim, recita-me um verso ou faz-me tu poesia, e deixa a tua mão pousar amante no meu cabelo, enquanto a chuva abranda a sua voz e tudo repousa, sublime, em requintada luz e vida, algo renovado a nós. Deixa-te ficar, esta chuva é para nós e pede amor...