Quero Palavras
Quero palavras tuas. Que sejam elas o rugir dos teus sentidos, despojos de guerras antigas travadas por ti em velhos mundos; ou tempestuosas ondas que na borda do papel morrem, quando decifras o amor. Gosto assim...
Quero palavras tuas! Apanho-as, ávida de letras! Como fera, devoro-as, sorvo-lhes as entrelinhas, provo-lhes os anseios e rendo-me de vez: sou mulher, afinal...
E no final, arranco de mim a prosa e a poesia, despejo-as por madrugadas longínquas que um dia me rasgaram toda a alma! E assim, de alma nua e pura, só quero palavras, as tuas...
Se houver quem satisfaça esta minha ânsia (papel cru vazio de ti), que sejas tu! Entrelaça então esses dedos teus nos meus e leva-me já por letras vastas, senhor que manda nas brumas, aquelas que resgatam órbitas perdidas e que não cabem nunca nas palavras que tecemos. Quero palavras tuas, porque tuas são.