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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Devido Lugar

11.11.20 | Sandra

 

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É um momento que me coloca no meu devido lugar, quando o sol prepara-se para desaparecer para lá da linha do horizonte. É na praia que mais gosto de apreciar esta altura do dia. É a conexão perfeita: os vários dourados da luz do sol, o céu com as cores nostálgicas do fim de dia, o areal, deserto enfim, entregue a bandos de gaivotas, e o mar, reflexo de tudo em si e em nós.

A mente abre-se em todo o seu esplendor e vive o sentimento no seu verdadeiro sentido. Emoções, sonhos, paixões, desejos, vislumbres e deslumbres... a verdadeira poesia. A alma e todo um sentir puro, sóbrio, concreto, que torna reais todas as possibilidades e certezas.

Esse é o poder de ver o sol despedir-se do dia, tendo por cenário uma imensa praia. Nem sempre consigo colocar em palavras o que eu sinto. Mas tem sido sempre assim: imagino-te comigo neste momento. Acho que irias gostar deste pôr-do-sol. Acho, no fundo, que irias gostar de tudo em teu redor, até porque tu mesmo és todo este cenário que me cerca. Tens o voo alto da gaivota, que grita ao abrir das enormes asas, deixando lá em baixo, o mundo, enquanto se eleva na sua própria história. És a friagem e o embalo da maresia que hipnotiza sentidos e esquece horas no vaivém das ondas. Tu, tu mesmo, que és tanto sentimento quanta a vastidão do areal que se prepara para receber em si o crepúsculo que antecede a escuridão virgem.

Gostava de ter-te perto, partilhando comigo a cedência do dia à noite, com o perfume típico das algas e das rochas no baixar da maré, a silhueta do pontão contra um céu em cor de fogo. Quando as gaivotas adormecem enfim e confissões chegam mais fáceis em murmúrios que acompanham mãos que se querem agarrar. E o mistério adensa-se, mostra-se em toda a sua grandiosidade. Tu, grandioso também, és o meu mar, gaivotas, rochas, pôr-do-sol.

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