Equinócio
Outono boreal,
Ponto libra.
Move-se o sol subtil no tracejado do descansar da terra.
Reparte-se a luz em significados místicos,
Nas sombras adocicadas que se alargam
Ao encurtar morno dos dias.
Estação de passagem.
Cores de nós rasgadas,
Rituais celtas que enaltecem o tom,
O perfume, cheiro de lume,
Floresta, musgo, relva,
Maré baixa, areia molhada...
Fragrância de palavras tuas,
Trazidas na friagem do desapego das árvores,
Que soltam à pausa do vento folhas de poemas já lidos,
Relidos.
Geadas que chegam caladas no sono aconchegado das noites,
Para beijarem madrugadas em nevoeiro:
O afeto por ti exposto, por inteiro.
Estação de transição,
Ciclo, roda da vida.
Colheita dos frutos,
Amores maduros,
Vida que incide perpendicular ao equador do firmamento.
Outono,
Sílabas à Solta nos vermelhos lascivos,
No dourado quente do âmbar dos meus olhos.
Equinócio,
Outono-nostalgia,
Folha vazia,
Mutação que se enche de nós na maciez da estação.