Chama-me Lisboa
Se me encontrares
Escreve o meu nome
Sobre todos os telhados da cidade
Que abrigam ninhos de andorinha
E sobre as águas-furtadas de janelas abertas à claridade do rio,
Onde o sol catita se senta a ouvir o alegre assobio de algum apaixonado que passa.
Escreve o meu nome por aí,
Ruas, ruelas, becos e pracetas,
Nas fontes rodeadas de turistas, no chafariz onde a concertina toca,
Ou no jardim público onde descansas de amores e desamores. Gosto de ti.
Escreve o meu nome por passeios antigos e esplanadas novas,
De onde se avista a ponte imensa que namora as margens enevoadas;
No elevador histórico, no castelo ou nas colinas, sete vezes as letras do meu nome,
Como gaivotas, varinas, traineiras ou fado.
Ou marcha popular que desfila em festa, quando o elétrico cruza os carris e o cheiro guloso da sardinha assada.
Se me encontrares escreve (em letras maiúsculas, se quiseres) o meu nome por todo o lado,
Para eu saber que me encontraste deveras, e que me reconheceste para além do sonho ou da imaginação.
Por fim, enfim, chama-me Lisboa.