Estrelas
Está muito frio. Num céu que aumenta a sensação de vazio e de solidão, já brilha a primeira estrela, enorme! Estamos na era das estrelas. São biliões, só na nossa galáxia. Um dia todas elas apagar-se-ão, uma a uma, mas por ora enchem os céus, os cadernos dos poetas e os corações dos amantes, em forma de poema puro.
Os anjos estão por todo o lado. Não os vemos, muitos deles escondem-se dentro das pessoas. Nesta noite, também eles observam as estrelas. Mas sabem mais, muito mais do que nós, humanos; muito mais do que os astrónomos e os astrofísicos, os filósofos, os céticos e os religiosos.
Faz-se tarde. Na noite que cumpre desígnios por nós desconhecidos, o frio adensa-se. De longe, de muito longe, num lugar escuro, silencioso e gelado, observam-nos as estrelas também. E de lá do alto, onde as estrelas medem forças e moldam a realidade, a noite cá em baixo parece maior, um gigante vazio cheio de nada, onde a raça humana mede também ela forças, tenta moldar a sua realidade e a dos outros. Mas continuamos sem saber nada. Apenas existimos. É essa a nossa condição.