FEMININA FLOR
Flor minha... não haveria eu de reparar em ti, se no teu feminino esplendor, exibiste-te, sem receio, a mim? E eu vejo-te: encantadora, sobressais única entre flores que te rodeiam. Escolheste-me como sou. Aceito-te.
Seduz-me flor, que quero minha, provoca-me! Evoco-te bela nas minhas mãos que tanto te anseiam possuir. Quase provo em mim o teu exótico aroma, a tua atraente suavidade que procuro sentir. Como te desejo! Se fosse eu raio de sol, acariciava com meiguice demorada cada pétala tua. Se eu fosse vento, envolvia-te com o meu sopro num doce abraço de amor. Se eu fosse chuva, deslizava deliciada nesse teu corpo florido. Resta-me etéreo prazer comandado pela força do Tempo e do sol que desce na tarde que desmaia.
Pudesse eu levar-te comigo feminina flor... pudesse eu ter-te sempre minha, como hoje tive, flor, como a água escura e fria que te envolve! Mas és da vida, da natureza, do lago, do mundo. Contemplar-te em desejo é o meu limite, nada agora mais além disso posso, depois de trémula teres quase desfalecido em prazer nas mãos dos meus sentidos. Do lago és. Se pudesses dar-te a mim, se pudesses tu, flor, minha flor, ser de novo em mim, receber-te-ia em júbilo, flor de estórias.