Folheio-te
És como um livro cheio dos arabescos do mundo. A capa, figura tua, que aprecio, estudo, avalio. As páginas, pedaços teus feitos papel de lua, onde palavras são constelações, e pontuações fugazes cometas. Em dedos de cuidado, folheio-te, página a página, letras como fogo cruzado num render de entrelinhas e duplos sentidos.
Embrenho-me nos teus contrastes, chuva quente de verão, submissa ao desenrolar das tuas palavras. Os teus capítulos amarram-me, leio-te e quero mais, porque só parágrafos não bastam. Quero o que está para lá dá conclusão, a vastidão da noite para lá de um olhar.
És como livro que leio, releio, e trato com o cuidado que um amante tem para com os seus sonhos. E eu, sonho-te também, de cada vez que fecho o livro.