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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Imaginação Crua

03.08.21 | Sandra

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Dormem as horas na noite avançada. Apenas o silêncio solene do universo faz-me companhia. Leio-te, gosto de o fazer pela calada da noite plena. Sabes que o faço sempre, não sabes? Ler-te, mesmo quando nada te digo? Sim, não será segredo esse meu vício vagabundo...

Ainda hoje não sei de onde terás vindo assim, peregrino, mas trouxeste contigo algo oculto, que dá um sentido maior às letras que te transportam no seu limbo, quando escreves. Um dia descodificaste-me: planetas alinhados, linhas divisórias, ascendentes, probabilidades. Agora, a simples aprendiz sou eu, e quero com alguma urgência mais do absoluto das tuas palavras. Por isso, silêncio, não fales, deixa-me contar-te tudo!

Quando o mundo dorme, eu leio-te. Soletro cada significado do etéreo que parece sublinhar o espaço onde escreves, rendida ao mistério que és tu. Decifro as tuas letras, todas delineadas pelos grandes espaços da natureza: o deserto, o mar, o sol e o calor, a areia da praia, cascatas, lugares exóticos. Intuições. E as brumas... fico sôfrega delas!

Reencontro-me facilmente enquanto divago pelos teus verbos conjugados no imperativo. Obediente a uma força maior, tombo os meus dedos entre as tuas frases, onde permanece algo suspenso no ar. Não consigo parar de te ler, e cada final de cada parágrafo faz-me querer sempre mais um pouco de ti. Confesso-te: sou submissa tua, bandido bom, sempre ansiosa de afagar a tua escrita, decompor a tua simbologia, arrastar o teu nome ao meu corpo, onde o teu não está. 

Sabias que são irresistíveis as tuas palavras, os teus sentidos? Num misto de atrevimento e inocência, apreendo-os a mim, faço-os meus, embarco neles até ao teu oeste. É assim que por momentos, enquanto dignifico o que de ti partilhas, que garanto esta transparente impressão de te sentir mais perto, mais real. Já o resto, é só imaginação crua.

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