Imperfeita Perfeição
Deito-me no deserto das tuas mãos
(Imenso vácuo de noites sem sonhos),
Enrolo-me no espaço dos teus braços que me seguram,
Cheios de galáxias mais antigas que este mundo,
E reconstruo-me,
Enquanto contas histórias de vidas passadas
E enormes cidades erguem-se junto a nós.
Sabes do que eu gosto...
Deixas a tua voz vagar pelo meu corpo sem rumos nem becos.
Numa sentida provocação, sem pressas.
Agarro cada palavra tua,
Deixo as sílabas à solta por dentro de mim:
Mapas, bússolas , ampulhetas que me prendem.
O grito da gaivota.
A manhã virá como improviso,
Aurora desfeita pelas naves que partem para universos longínquos
Feitos de todas as Rosas dos ventos
E da História da Humanidade.
Mas até lá é noite ainda.
O deserto das tuas mãos onde me deito,
O espaço dos teus braços que me seguram,
São ainda o calor que acende muitas almas por aí
E retira o poder ao passar do tempo.
Até lá, pertenço a ti e tu a mim.
Imperfeita perfeição na calada da noite.