Lençol
Acorda-me o sol
Que rasga espaços
Pela janela indiferente ao meu sono vadio...
Afasto sonolenta
O lençol de mim
Que na noite promiscua
Falou-me de ti:
Provocou-me,
Seduziu-me indecente
Em sussurros despejados ao meu corpo solto,
Enquanto inocente,
Dormia!
Euforia...
E agora eu desperto,
Lençol adormecido,
Esquecido, pudico,
No lance libertino
Do vagaroso despertar.
(Dorme ele, acordo eu!)
Devaneios falam-me ainda de ti
À minha pele que se arrepia
Incendeia, encandeia...
Mas agora é dia!
Levanto-me.
Pele que se prende ao lençol resistente,
Inclemente...
Volto atrás, submissa.
Volto à cama, que me chama:
E a chama és tu, devasso em mim!
Carícias, perícias,
Na hora da preguiça
O lençol venceu!
Corpo meu, corpo mole!
E a luz do sol,
Que através da janela
Cai toda em mim,
Agrava a situação,
Descompassa o coração...