Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Mão à Noite

20.10.20 | Sandra

20200921_183214_1603059409966.jpg

Dá-me a tua mão. Deixa-me levar-te lá fora onde a noite se mostra. No horizonte, uma lua cheia sobe magnífica num céu de seda. Uma brisa morna sopra alto para lá dos cumes das serras embaladas na imensidão, onde as aves dormem das horas passadas. As águas do riacho repousam frescas e brilhantes sob um luar imenso que ilumina o silêncio escuro dos cantos, campos, casas, ruas, pontes. Há tanto que queria dizer-te... deixa-me falar-te baixinho de tudo e de nada.

Lua cheia. O Tempo mistura-se insondável. Ontem e hoje, como dois amantes deitados em praias adormecidas onde o relógio do Mundo parou. Esta é a hora plena em que barreiras tombam e a condição humana cede. Somos da natureza, tu e eu, arrastando sentimentos vindos de tempos primordiais até este exato momento. E a vida pulsa lá fora, para lá de nós dois, onde novos mundos são criados e os deuses nunca dormem.

Na noite, a lua reflete antigas, misteriosas civilizações, enquanto pressente novas eras que ainda não chegaram pois pertencem a futuros longínquos dominados pela ciência e tecnologia. E tu, último dos últimos!

Chega-te um pouco mais perto. Se me pudesses abraçar! Escuta, há tantos sons na noite, e a todos eles a lua brinda! O mocho escondido nos ramos altos do pinheiro fala-nos de um universo por descobrir e eu olho-te impávida, serena, segura, certa das minhas certezas e incertezas que guardo no escuro. A noite apodera-se de tudo e no segredo das sombras que se alongam pelas horas que avançam, só te peço: dá-me a mão. 

25 comentários

Comentar post

Pág. 1/2