MEIA FLOR
Flor,
que em fogo efémero
cativas as cores do campo,
de que manhãs sem cor
despiste tu
perfumes esses sem fim?
No sol
que tomba frescuras de orvalho
contas tu, flor,
mistérios sentidos
de tempos idos,
pois de tão longe vieste...
Flor,
que em escondidos sorrisos
cuidas do embalo das aves
que no alto voam,
tens livre alma
de ventos tombados
em velhos, vagos mundos!
Danças nas pétalas
que puras giram
em palavras tuas
de sabor a perdidos prados
e caminhos de fim de dia.
E sendo tu flor,
feminina meia-flor,
entregas-te a mim,
sem pudores tu,
despida alma, despido corpo,
só a mim, que não te colho,
só por inteira te amo
e deixo-te ficar.