Metamorfose
No silêncio ensurdecedor do cruzar das estações voa magnífica a borboleta, asas finas a lembrar telas frágeis de Picasso, ou antigos vitrais que brilham solenes à contraluz.
Mas antes de ser borboleta foi metamorfose. Rasgou ao meio a gravidade, quebrou as leis da física, deixou no casulo vazio letras, rascunhos, rotas, hemisférios cruzados pelos valentes descobridores que conquistaram mundos novos e viram outras como ela.
Foi metamorfose antes de ser magnífica borboleta. Hoje acende-se no furor do dia, cede ao magnetismo do néctar em flor! Depois, satisfeita, saciada, bate confiante as asas. Imagina-se asa-delta e, provocadora, desafia o mundo, voa mais alto ainda!
Os pioneiros da poesia são também borboletas a decorar os jardins do mundo, com as suas crisálidas onde nascem poemas teus.