Noite Sóbria
Chamaste-me na noite sóbria quando a brisa calava mundos dentro de nós. O Universo aproximou-se silencioso, deitou-se luminoso em nosso redor, cedendo-nos clarões de imensas estrelas que seriam nossas. No nada, gerou-se tudo, quando sentados no espaço sem caos respiramos as águas macias que nos murmuravam salgados reflexos.
Sentados rendidos à maciez do luar sem idade, a tua mão quente envolveu a minha. No Universo em silêncio, tudo entre nós foi dito. E o mundo brilhou! Acolheste-me ao teu intemporal abraço. Com o brilho da luz da noite afagaste-me tristezas e sorrisos. Murmuraste "Amor meu" e falaste-me de sonhos distantes, palavras colossais, do mistério que és tu. Amei-te muito, amei-te então ainda mais! Nos beijos que como confissões demos, a noite recebeu-nos nos seus quentes silêncios negros, que vêm de distâncias abissais e se colam, pois fomos, tu e eu, de novo, noite também.