O Começo
Um dia, uma noite talvez,
Eu cruzei o teu caminho (ou tu, o meu)
E houve música felina, cheiro a maré vazia,
Vaga-lumes no calor nu fora de horas,
Lua cheia e dança de capoeira.
Vi-te então na tua escrita
E declarei-te alma de poeta,
Profeta,
Amante nómada que conjuga letra a letra o verbo Ser,
Que queima sílabas arrancadas ao absoluto,
Num desfecho de um prazer sem nome, que quero dividir contigo.
Traçaste-me um mapa,
Chamaste-me de alma pura,
Escreveste-me a noite,
E a noite pareceu durar "uma vida, e um momento"...
Agora todas as noites são tuas.
Porque é nelas que escreves,
É nelas que te vejo,
Revejo,
É nelas que me devolves a mim mesma,
Como só tu tão bem o sabes fazer.