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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Lugar Teu

08.11.21 | Sandra

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Que venhas com a chegada do silêncio das estrelas, com os ciclos lunares que regem marés, com os dois grandes planetas que percorrem juntos o céu ao lado da lua branca. Que tragas os cheiros crus da maresia, da terra quente e amante, do dourado imenso dos campos adormecidos no tempo, e que te deixes ficar na minha noite, que é tua também. 

Fica, fica sempre, entre histórias de outras vidas, canções que se perderam no nevoeiro como barcos-fantasma, símbolos esotéricos carregados de significado, sonetos cantados ao som de uma guitarra, enquanto ao longe o farol brilha. Fica, e sê.

Sê, sê cada cor que eu der à noite, quando todos os seres da noite se calam para olharem as constelações acima da humanidade, das suas crenças e das suas lutas. Sê o riacho que atravessa as hortas férteis, escuras e frias sob o quarto crescente. Sê o compasso de espera antes do fogo-de-artifício, e do beijo que se dá quando o amor se cumpre. Sê brumas, as que vieram contigo de longe, e que ainda hoje me falam de ti, porque eu assim o quero. Sê tu e fica, mesmo quando a noite deixa para trás brilhos e luxúrias, e se transforma num dia simples, cheio de sol, como o de hoje.

A noite há-se vir (vem sempre!), e continuarás presente nela, porque é nela o teu lugar, na noite sóbria que te traz a mim, e na qual eu te deixo sempre ficar. Pois se é lá o teu lugar!

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