PINTAR COM PALAVRAS
Pinto-te de poesia
(daquela meiga)
feita luz,
como se pinta
um pôr do sol.
Pinto-te
com a frescura de um amor,
de saudade salpicado,
azulado
como o céu num mar aceso.
Pinto-te
com as carícias meigas
exultantes, exuberantes,
de um vento na erva do campo!
E entretanto...
Pinto-te assim:
Verde,
flor sem sede,
como um poema
que se balança
num trapézio sem rede.
E pinto-me a mim,
também,
com as cores do mundo rosa,
em prosa,
ou despido poema.
Tanto faz!
A vida é mais!
E a cor fica sempre
quando se é capaz
de pintar com palavras
o sentimento fugaz.
Nota: resposta ao desafio proposto pela querida amiga Luísa.