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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

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Primeira Estrela

06.11.22 | Sandra

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"A primeira estrela que eu vejo, Realizo o meu desejo..."

O Universo expande-se e arrasta tudo com ele. O crepúsculo abre-se por inteiro ao firmamento, e o piar das aves ecoa ao longo do escurecer que vai acendendo os candeeiros de rua.
Hoje não há vento nem nevoeiro, nem sequer aquelas névoas transparentes que costumam subir misteriosamente do mar e envolver tudo num manto branco surreal, fantasmagórico. Hoje não, está uma noite quente e seca.
Sentada no alpendre que cheira a madeira seca, procuro a primeira estrela num céu aberto. Os antigos diziam que poderíamos pedir um desejo à primeira estrela por nós avistada em cada anoitecer, e esse desejo realizar-se-ia. Reminiscências de superstições, mitos e lendas, que viajaram ao longo da poeira dos séculos, querendo abalar as nossas convicções. Pergunto-me se a superstição e a fé não serão crenças intrinsecamente ligadas entre si, sendo quase a mesma coisa? Não sei. Talvez...

Encontro uma estrela - a primeira - um brilho ainda muito ténue. Ali ao lado, outra estrela. Outra, mais adiante. E a lua crescente, discreta na noite que se adensa.
As folhas dos plátanos estão quietas, sideradas também elas pelo calor da noite embriagante que ofusca os sentidos.
As ruas silenciosas são garatujas, pequenos traços perante tudo o que faz a humanidade mover-se. Esse movimento contínuo de força cinética está para além de qualquer desejo que fosse por mim pedido à primeira estrela do céu. Deixo o meu pedido para outra noite, afinal haverá ainda, por muito tempo, estrelas dispostas a nos ouvirem. Por ora, sobrevivo.

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