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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Probabilidades

07.10.22 | Sandra

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Talvez tenhamos vindo de tempos diferentes. Ou talvez o nosso tempo fosse o mesmo, mas tivéssemos decidido caminhar por ele a diferentes velocidades. Contudo, se eu te emprestar o meu tempo, tu emprestas-me o teu? Se eu me aproximar dessas névoas que fazem parte de ti, envolves-me num abraço que dura todos os segundos de horas ainda não preenchidas? Se eu fechar os olhos, sentirei na minha pele as lentas e leves carícias tuas, que são madrugada, crepúsculo e poesia dentro da própria Poesia?

Diz-me, como te dizer que gosto de ti? Que palavras usar? Deverão ser elas feitas da imensidão de outros mundos que se sobrepõem a este nosso? No tempo em que os anjos falavam teria sido mais fácil. Nessa altura, as palavras eram simples, e os significados de tudo eram vazios de segredos, embora permanecessem alguns mistérios e enigmas.

Mas o mundo avançou e os anjos calaram-se, já não falam mais a nossa linguagem. Entre importantes descobertas e invenções dos primeiros seres humanos na Terra, entre tremendas batalhas evolutivas, o grande desencontro entre espécies, e as guerras pelo poder e pela supremacia, o mundo avançou, embora pareça recuar cada vez mais, para lá dos nossos esforços e vontades, e daquilo que faz de nós simples humanos...

Em todo o caso, vindos ou não de um mesmo tempo, eu e tu, algo inquebrável nos une desde sempre, como uma forma de energia que escapa ao conhecimento científico e que invariavelmente nos leva sempre a um mesmo ponto no caminho - aquele que nos faz ficar frente a frente um com o outro. A partir daí, nem esses anjos que outrora falavam saberão qual o nosso desfecho. Acho que está escondido contigo, dentro das tuas brumas. Mas ah!, a cada novo dia, o mundo enche-se de novas e infinitas probabilidades. Sabes? Talvez uma delas se torne a nossa.

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