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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

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Quem Nunca?

09.09.20 | Sandra

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No silêncio da liberdade que o fim do dia oferece é mais fácil pensar-te. Sonho-te acordada, bem desperta! Quem nunca? De olhos fechados esqueço já quem sou, já não preciso de me lembrar. 

O tempo fica suspenso como uma plateia à espera de um desfecho. Estás aqui, estás em todo o lado! O que te diria eu se as minhas palavras cruzando a distância da noite chegassem a ti, na respiração das estrelas? E que palavras minhas ouvirias tu, quando a lua nova brilhasse no céu insondável como uma aguçada foice prateada sobre o negrume do teu abismo feito mar e serra?

Penso-te, sonho-te. No mistério de algo acima do real, sei que já não haveria um Tu nem um Eu. Nem um nós, sequer! Apenas esse algo feito um único momento na história do universo, trazido num feitiço há muito tecido, sentimento alheio agora só nosso. Mãos que se prendem, se agarram em deslumbre, um embalo imparável, instintos primitivos vindos do início dos tempos, um impulso ultrapassando tudo, alucinando os sentidos, fazendo os ponteiros do relógio universal retrocederem a sua marcha. Um vislumbre do que foi e do que seria.

E tudo isto poderia ser só um beijo. Poderia até ser só um abraço, apenas e nada mais que um abraço. Tão suficiente como o abraço que um dia trocamos, tão poderoso como a fusão nuclear que ocorre no interior das estrelas e transforma o hidrogénio em hélio.

No fim? O derradeiro sentido. A justificação de um sentimento até aí injustificável. A resposta final, a compreensão de tudo. Tu, entre o mar e a serra. No fim, a razão embutida no coração.

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