Recebe-me
Recebe-me no teu coração, inocente eu, no infinito silêncio das horas intermináveis. Deixa que o meu olhar se envolva em absoluto no teu e todas as palavras não ditas voem em nosso redor. Poderemos então trilhar um desconhecido abraço, daqueles que desbravam caminhos ainda não percorridos e que levam ao sentimento que paira solene no tempo.
Solta o teu beijo impaciente em mim, que seja campo selvagem entregue ao impulso do sol da tarde, enquanto andorinhas voam alto. E toca-me, esta minha pele que te conjuga, que te chama em murmúrios perdidos, indefinidos. Se ainda não chegar, se ainda não for suficiente, abraça-me então de novo e, qual surfista do tempo, faz os ponteiros do relógio andarem para trás. Para quê? Para assim me receberes uma vez mais, tu que chegaste há pouco, que o tempo, esse, não se importa com o amor que se cumpre. No fim, de novo nós.