Relaxar
Olho a noite. Deixo-me ficar uns momentos dentro do carro antes de ir para casa. O dia esteve quente e o ar noturno está muito agradável. Algumas árvores e arbustos abanam ao sabor do vento fraco. Olho o céu, as estrelas. Uma, mais brilhante, parece-me ser Vénus (supostamente visível a olho nu, nestes dias), mas não tenho a certeza. Nestes tempos pareço não ter muitas certezas e considero cada vez mais difícil agir como gostaria ou deveria. Atribuo isso às preocupações, ao cansaço físico e psicológico. Amanhã tentarei ser melhor, fazer melhor. Amanhã...
Para já, prefiro saborear este momento. Lembro-me das longas noites de verões antigos, após um dia carregado de sol, calor, o cheiro a areia, sal e mar. Recordo-me das férias de outros tempos, as viagens, as festas e o amor, que ia e vinha sem importância. A escuridão relaxa-me e sinto que, ao ficar aquele instante no carro consigo cortar mais facilmente com o cansaço das horas que passaram.
Amanhã, outro dia. Diferentes oportunidades. Quem sabe, mais coragem e renovadas forças. Renascida fé e o retomar as minhas conversas com Deus. Por hoje, chega. Acima do mundo, a noite parece pequena e, ao mesmo tempo, colossal. E, dentro de mim, o sono, a oração, a lembrança de algum pormenor do dia que já lá vai, e o desejo de alguma grande bênção, não tanto para mim, mas para a minha família. Tão grande como a noite, o mundo e o céu por cima de mim. Tão grande como o que sinto por ti e que é belo, poderoso e frágil.