Ser Primavera Outra Vez
E foi Primavera outra vez,
Com as sombras das nuvens a passarem ligeiras por campinas cheias de verde,
E o negro das asas das andorinhas a rasar o branco dos campanários da aldeia.
Resquícios do inverno ainda se faziam sentir na dormência da madrugada orvalhada,
E no negrume do universo longínquo e dolorosamente calado, constelações ainda trocavam de lugar...
Mas foi Primavera outra vez,
Mudou a hora,
E o vento gélido partiu qual guerreiro templário de outrora,
Cavaleiro a conquistar reinos de nomes estranhos e terríveis dragões.
O calor do novo sol tocou o Dente de Leão.
Este,
Sentindo no seu coração um pouco daquela liberdade que sentira quando era apenas semente aberta à vida,
Soltou com determinação as raízes que o prendiam ao solo,
Fez-se poeta,
E voou leve para longe ao sabor da brisa!
Era tempo de ser Primavera também.