Singularidade
Gostava de te falar sobre o que o mundo ainda tem de belo! Mas talvez o saibas, talvez conheças cada caminho que se enche de um silêncio cheio de sol, talvez até já te tenhas cruzado com significados que não compreendes mas que te levam de volta ao local onde realmente pertences.
Mas não tenho a certeza e, pelo sim pelo não, quero que saibas que eu reconheço e aceito que haja ainda algo de muito belo neste mundo e nestes dias, nos quais a Humanidade ainda se descobre, erra, falha, arrepende e se refaz. Se eu consigo captar essa beleza que permanece, talvez tu também o consigas fazer, afinal viemos de um mesmo universo primitivo, quando partículas subatómicas deambulavam à velocidade da luz sem direção concreta, apenas para em poucos segundos criarem um novo espaço e tempo, e darem origem a tudo aquilo que hoje faz parte da nossa realidade.
Sim, eu consigo reter essa singularidade - as coisas boas que permanecem. Graças a isso, um dia, ao fim de tanto tempo, reencontrei-me. Talvez também tu me reencontres. E talvez nesse instante fiquemos unidos por um mistério mais forte que tudo, algo tão poderoso que lembra as trovoadas repentinas que rasgam céus numa tarde muito quente de verão, enquanto o universo abranda o seu ritmo de expansão e novos dias acontecem.