Sinto-te
Chegaste um dia (há tantos anos!) e tenho hoje a certeza de que és tu quem faz parte dos sonhos que tenho antes de adormecer. Talvez já o tivesse pressentido daquela vez em que caminhamos sem pressa pelo areal selvagem desse Guincho, que é como se fosse teu; ou no outro dia, em que percorremos Sintra - os lugares, as lendas, o seu lado místico que ainda hoje pousa nas tuas horas de sono e te guia por recordações que julgavas perdidas.
Traços teus tecem-se agora em estados de alma que não afasto de mim, e que nessa viagem pelo sossego da noite salgada que é nossa, a todos gravo no papel. Sinto-te, e sentir-te é partir para outra dimensão para além de tudo o que é comum no meu momento atual, e que encontra a sua razão de ser no escuro dos teus olhos. No fundo, sou eu, apenas eu, mulher, menina, toda estrela cadente destinada a cair com mansidão sobre o teu corpo maduro feito de infinito.