Desço sem pressa a rampa em direção ao jardim, entre as pedras da calçada afogueadas no calor inusitado da manhã, e o alcatrão preguiçoso que pasma obtuso para o cheiro a sardinha assada. Tenho postos em mim os olhares dos pombos e das rolas, que parecem trovadores (...)
Em carris que se afundam no alcatrão esbatido, circula, pintado da cor do sol ou da rosa do amor, o elétrico, transportando as histórias de todos e de ninguém, caladas nos sacos de plástico ou de papel que os passageiros carregam. Por colinas mal disfarçadas, janelas (...)
Janela aberta ao acordar vagaroso da praceta. Sol que chega triunfante para sacudir do dia restos que a noite deixou ao partir. Horas caminham sobre as asas dos pardais, andorinhas e rolas. No rebuliço do dia espreguiçam-se árvores, com as suas folhas barulhentas (...)