E foi Primavera outra vez, Com as sombras das nuvens a passarem ligeiras por campinas cheias de verde, E o negro das asas das andorinhas a rasar o branco dos campanários da aldeia. Resquícios do inverno ainda se faziam sentir na dormência da madrugada orvalhada, E (...)
O regresso... Férias. Perto, cercando ao alto a aldeia, montes imensos, cobertos de pinheiros, eucaliptos e calor impiedoso. Casas bem pintadas, adornadas nas suas cores, a brilhar vaidosas no branco brilhante do verão. Ruas empedradas, cheias de arbustos, flores e (...)
Manhã que chega à minha praceta, segura de si, sem vento nem frio. Sobe o sol imenso acima da linha dos telhados e ocupa todo o campo que se espalha para além do jardim bem cuidado. Recomeça a vida no tiquetaque regular dos ponteiros do relógio, cúmplice da manhã (...)
Tens pairado por aqui e por ali, alheia aos perfumes das gentes, aos cães que correm rua abaixo, aos comboios que sonham em cima do silêncio dos carris. Conversaste com todas as flores do campo e dormitaste no jardim bem cuidado. Viste a manhã chegar sobre os casebres (...)
Há palavras poderosas. Chegam devagar, tímidas, discretas. Cautelosas. Resguardam-se no espaço vazio do papel e aos poucos despem-se, deixam sílabas à solta, letras em festa, ideias que se espalham pelo ar em delicados círculos. Há palavras feitas de todos os mundos (...)
Verão. Muito calor. Ar estagnado, pesado. Paira um silêncio estranho na rua deserta, nos campos secos, entre os pinheiros enfezados nos montes escuros que rodeiam a aldeia. Sentei-me no banco de azulejos coloridos enquanto me preparava para saborear um chá. (...)